sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Alice na Paris das cinco noites - Parte 7



Sentamos em um restaurante próximo à estação de trem para comermos, antes de irmos embora. Eles escolheram um restaurante estranho, com muitas referências norte-americanas penduradas nas paredes. Mas eu queria ser simpática, não ia encrencar com nada. Minha mania de agradar. 


Enquanto só Luisa falava, eu sorria. Ela tinha uma energia incrível, era vibrante e luminosa. O casalzinho é que parecia desanimado. Não se tocavam e complementavam aqui e ali alguma coisa que a amiga contava. 


Eu estou com vergonha de perguntar, mas acho que bati a cabeça quando caí. Já passei a mão pelo cabelo várias vezes e não sinto nada dolorido nem nenhum galo em local nenhum. Mas eu estou bem convencida de que o Lucas tem me olhado demais. Ao lado da namorada? Ninguém merece.


Assim que as histórias de viagem de Luisa esfriaram, pudemos falar um pouco das nossas vidas. Eles era de São Paulo, bem distante do meu Recife e já estavam há mais tempo em Paris, já contavam quatro dias de Cidade Luz. Apesar disso, só iam embora um dia antes de mim, no sábado à noite. Eu partiria no domingo à noite.


Eu, obviamente, omiti o motivo de estar ali e sozinha. Aproveitei a estória que Tulio me deu de presente e coloquei minha família em repouso em Paris, enquanto eu, a destemida, desbravava a cidade e seus arredores sozinha. 


Eles tinham profissões bem diferentes e na verdade eram da mesma família. Oi? Ah... Luisa e Amanda eram irmãs, e Amanda e Lucas não eram um casal. Eram primos.

Huuuummm, muito interessante. Por isso, eles não demonstravam muita intimidade. 


Abri meu melhor sorriso para ele, que retribuiu na mesma hora. I’m back!


Conversamos bastante, regando a vinho os nossos micos de viagem. Mal sabiam eles que eu tinha um orangotango para enriquecer o diálogo. 


Foi surpreendente a sensação de desprendimento que experimentei. Não importava nada do que havia acontecido até ali. Não importava o fora, meu trabalho monótono, meus amigos que achavam que eu estava em lua de mel. Nada. Estava divertido, eu estava conhecendo pessoas novas, num restaurante exótico, rindo e me divertindo. Só isso importava. Mal podia me reconhecer, mas estava gostando muito dessa nova pessoa.


As meninas eram da área de saúde. Luisa era fisioterapeuta, trabalhava com atletas e Amanda era dentista. Já o Lucas era publicitário e trabalhava numa grande empresa da área. Todos tínhamos queixas e sucessos para contar. Consegui me integrar imediatamente. Ponto para mim.


Continuamos a conversa no trem e antes de atendermos as queixas de um senhor que fez o favor de nos lembrar que não estávamos no Brasil e portanto devíamos respeitar o sono dos que dormiam no trem, conseguimos marcar para nos encontrar  à noite. Fiquei meio assustada, afinal, minhas noites já estavam programadas desde a saída de Jhonny: comer os doces feitos por Tulio, assistindo à TV e fantasiando com ele. Eu teria que mexer na minha agenda.

Mas a conversa no restaurante me provou que posso ser diferente e assim me divertir mais. Afinal, não é nenhum grande desafio sair com pessoas que acabei de conhecer. Ok, para mim, é. Mas está na hora de deixar de ser. Meu namorado me deixou sozinha no início da nossa viagem romântica a Paris. Eu não tenho mais nada a perder. Nada.

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