sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Alice na Paris das cinco noites - Parte 12

Acordei com a cabeça estourando. Lembrei que não bebi nada de água na noite anterior. Arrastei-me até a sacola com as garrafas no chão do quarto e engoli meio litro de uma vez. Voltei para a cama e esperei esse santo remédio fazer efeito. Enquanto me concentrava na cabeça latejando e na boca seca, lembrava em flashes da noite.

Tá, não terminou como eu esperava. A gente podia ter desbravado a noite de Paris. Eles podiam ter me emprestado mais dos amigos franceses, do desapego à vidinha monótona no Brasil e da expectativa de viver seis dias de aventura em Paris. Claro, com uns beijinhos na boca que é bom e eu gosto.

Não deu.

A blitz para aproveitar a cidade já devia estar na rua do hotel, era melhor levantar e reagir. Mais uma vez. Juntei as pernas esticadas para o alto, joguei-as para a lateral da cama e fiquei em pé de uma vez. Não foi boa ideia, eu ainda estava muito tonta. Deu tempo de me agarrar na janela e endireitar o corpo, ante de cair em cima da mala aberta.

Refeita do susto, tomei um banho demorado, quebrando todo o protocolo europeu. Lembrei de disfarçar as olheiras, passar um gloss nos lábios e pegar o gorro.

Fui direto à boulangerie. O sorriso de Tulio era o que faltava para me refazer das novidades de ontem. Mas ele não estava lá. Pedi meu café da manhã e saí logo da presença da dona, rabugenta como sempre.

O dia estava indeciso, como eu. Tinha algumas nuvens no céu que permitiam ver o sol, mas não deixavam ele brilhar totalmente. Apesar das nuvens, era gostosa essa sensação de sol no frio, bem diferente de tudo que eu conhecia no Brasil. Decidi meditar, pensar na minha experiência parisiense, relaxar. Tomei a direção do Jardin de Louxembourg.

Sentei junto a uma janela no metrô e me deixei hipnotizar pela passagem rápida do exterior pela janela. Ora de cabos e paredes pretas, ora de prédios e vida urbana. Entrava todo tipo de gente no vagão: jovens com roupas estranhas, músicos pedindo contribuição em dinheiro, executivos saídos da imagem clichê da cidade: casaco, tipo sobretudo, jornal numa mão, baguete na outra. Incrível.


Baldeação feita, chegada tranquila à Estação Luxembourg, fui curtindo o caminho de uma área diferente da cidade. Onde estou hospedada é uma área mais residencial, com algum comércio e muitos prédios ao redor. Aqui, já estou perto de prédios históricos, a cidade toma a forma de um livro de História aberto. Amo.

Um comentário: