Tulio mora próximo a Montmartre
e eu decido perambular por lá.
Despedimos-nos na calçada como os dois amantes que somos.
Beijo longo, desavergonhado. Não somos franceses recatados, somos atirados,
impulsivos. Oi? Eu também? Parece que sim.
Ele me relembra que vai viajar nesta tarde para uma festa de
família na Itália. Repete que adorou me conhecer e que eu faço jus à fama das
brasileiras de boas amantes. Estou-me-sentindo. Agradeço e retribuo todos os
elogios, afinal, ele correspondeu a todas as minhas expectativas. Bom demais.
Apesar da sensação boa, não me sinto presa. Talvez por tudo
que me levou até ali, eu consegui me libertar e aproveitar o momento. Agora que
o momento acabou, posso seguir meu caminho. Tulio é maravilhoso e um típico
sedutor. Um cara tão atraente, se buscasse compromisso, já estaria casado e com
uma penca de filhos, porque o que não falta é candidata a esta vaga, tenho
certeza. Mas por enquanto, ele é de todas, isso é fácil perceber. Sortuda é
aquela que consegue provar um pouquinho dessa doçura. Sortuda sou eu que pude
experimentar o que ele havia de melhor para oferecer.
Caminho pelas ruas imaginando o que as pessoas estão pensando
quando me veem. Bobagem minha. Elas não me veem. Aqui, cada um preocupa-se com
a sua vida. Ninguém se importa se minha roupa está muito arrumada ou se eu
carrego um sorriso bobo no rosto, eu não sou problema de ninguém. Viva a
indiferença europeia, muito bem vinda nesse momento.
Escolho um café e entro para comer alguma coisa. Alguma
coisa, não, muita coisa. O vinho e o queijo de ontem já sumiram há muito tempo,
pelo passar das horas e por todo o esforço praticado. Delícia de
lembranças...espero que me causem esse
arrepio por muito tempo. Depois de comer vários pães e doces, acompanhados de
um delicioso chocolate quente, ponho-me a andar novamente. Chego finalmente ao
conjunto de lojas de souvenirs. Divirto-me escolhendo todo tipo de objeto que
me lembre de que estive em Paris. Compro vários presentinhos e sigo adiante.
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