Já passamos do meio da manhã e há grupos de turistas
amontoados nas escadarias da igreja. Só as minhas sacolas me denunciam como
estrangeira. Não pertenço àqueles grupos, não tenho ninguém para tirar minha
foto com a igreja. Visito sim, mas venho com outro espírito.
Entro no santuário e diferentemente do que senti quando
entrei em Notre Dame, sou invadida
pela paz. Aqui há luz, claridade vinda do dia e da cor das pedras que
estruturam a catedral.
Nem preciso procurar muito, ela está logo à esquerda, no
pedestal. Uma imagem bem grande de Santa Tereza, toda em pedra, sem nenhuma
pintura e nada artificial a não ser a forma impressa na pedra. Acendo minha
vela e decido que a estratégia adotada antes é a mais eficiente: não há
palavras, não há texto, não há pedidos; só há silêncio, meditação e muita
gratidão. Deixo que ela entre no meu coração e perceba como estou feliz, como
estou leve, forte e livre. Mais uma vez, as coisas saíram do meu controle, mas
para um destino feliz. Até agora. Também assimilei a lei da impermanência:
vive-se o agora. Agora está muito bom, é isso que importa. Quando o agora estiver
ruim, devo lembrar que tudo passa, e é isso que vai importar. As leis da vida
tão complicadas, parecem surpreendentemente simples nesse momento. Para
alguém que tem família, saúde, um bom emprego, as coisas podem realmente ser
muito simples. Obrigada Santa Tereza, dessa vez eu entendi.
Saio pela porta principal e nem reparo na multidão de
turistas que se aglomera na escadaria, eu só vejo ela. Paris estendida à minha
frente, um grande tapete de pequenos prédios e grandes tesouros, tudo testemunhando minha mudança. Foram dias maravilhosos,
aprendi muito, vivi muito e por isso tenho muito a agradecer.
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