sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Alice na Paris das cinco noites - Parte 25



Já passamos do meio da manhã e há grupos de turistas amontoados nas escadarias da igreja. Só as minhas sacolas me denunciam como estrangeira. Não pertenço àqueles grupos, não tenho ninguém para tirar minha foto com a igreja. Visito sim, mas venho com outro espírito.

Entro no santuário e diferentemente do que senti quando entrei em Notre Dame, sou invadida pela paz. Aqui há luz, claridade vinda do dia e da cor das pedras que estruturam a catedral. 

Nem preciso procurar muito, ela está logo à esquerda, no pedestal. Uma imagem bem grande de Santa Tereza, toda em pedra, sem nenhuma pintura e nada artificial a não ser a forma impressa na pedra. Acendo minha vela e decido que a estratégia adotada antes é a mais eficiente: não há palavras, não há texto, não há pedidos; só há silêncio, meditação e muita gratidão. Deixo que ela entre no meu coração e perceba como estou feliz, como estou leve, forte e livre. Mais uma vez, as coisas saíram do meu controle, mas para um destino feliz. Até agora. Também assimilei a lei da impermanência: vive-se o agora. Agora está muito bom, é isso que importa. Quando o agora estiver ruim, devo lembrar que tudo passa, e é isso que vai importar. As leis da vida tão complicadas, parecem surpreendentemente simples nesse momento. Para alguém que tem família, saúde, um bom emprego, as coisas podem realmente ser muito simples. Obrigada Santa Tereza, dessa vez eu entendi.

Saio pela porta principal e nem reparo na multidão de turistas que se aglomera na escadaria, eu só vejo ela. Paris estendida à minha frente, um grande tapete de pequenos prédios e grandes tesouros, tudo testemunhando minha mudança. Foram dias maravilhosos, aprendi muito, vivi muito e por isso tenho muito a agradecer.

Pego o celular e mando novas notícias. Aviso da visita à Catedral e digo o quanto sinto saudades. Digo, já sem o mesmo pesar de outros dias: daqui a pouco estou voltando.

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