Depois de caminhar bastante, escolhi um bistrô bem charmoso
para o meu último jantar na cidade. Escolho uma mesa no salão, não pelo frio,
pois adoraria ficar na calçada acompanhando o vai-e-vem, mas pelos fumantes que
se aglomeram lá fora.
Aqui, não há estranhamento no fato de uma pessoa jantar
sozinha. Os garçons me servem sem olhares estranhos e eu posso relaxar.
Saboreio o vinho e adoro a massa que escolhi. Fecho a noite com a melhor
sobremesa que já comi: profiteroles fartamente recheados e cobertos com
chocolate. Alcanço a calçada com um suspiro e me pergunto em que condições eu
voltarei na cidade. Depois dessa, posso voltar de lua-de-mel, com amigas ou
sozinha. Vou aproveitar de qualquer jeito.
Cada passo é carregado de despedida. Mais do que meu destino
turístico, Paris foi testemunha da minha história. Cúmplice das minhas decisões
e amiga acolhedora nos momentos de dor. Vou sentir falta da sua companhia
quando voltar para casa.
Chego ao hotel e meu amiguinho vem me receber. Finalmente
podemos conversar. Descubro que seu nome é Alec e que trabalha lá há pouco mais
de um ano. Nasceu e se criou em Paris e adora conhecer gente diferente, por
isso é tão feliz naquela recepção. Ele me entrega orgulhoso uma caixa com um
pedaço do bolo de amêndoas que comi na boulangerie
no primeiro dia de viagem. Junto estava um bilhete de Tulio se despedindo e
dizendo que espera que minha vida seja doce como aquele pequeno mimo. A esta
altura, ele já está na Toscana com a sua família de cinema, comemorando o
aniversário de sua avó. Lindo, até o fim.
Conto para Alec sobre o encontro e ele vibra com a história
de eu ter passado a noite com ele. Ele já não é um estranho, é um precioso
aliado, ajudou muito quando precisei. Lemos juntos o bilhete e não acreditamos
na minha sorte. Despeço-me marcando futuros encontros lá mesmo ou no Brasil e
vou para meu quarto.
A bateria do celular já descarregou e eu deixo para carregar
depois. Não preciso de contato com ninguém nesse momento.
O bolo está delicioso como na primeira vez. Saboreio cada
pedaço lembrando do nosso piquenique. Ainda bem que tirei algumas fotos naquele
gramado com Tulio. Caso contrário, seria difícil convencer minhas amigas de que
aquilo havia acontecido.
Lança-chamas. É rápido e nunca falha.
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