quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Alice na Paris das cinco noites - Parte 30



Depois de caminhar bastante, escolhi um bistrô bem charmoso para o meu último jantar na cidade. Escolho uma mesa no salão, não pelo frio, pois adoraria ficar na calçada acompanhando o vai-e-vem, mas pelos fumantes que se aglomeram lá fora.

Aqui, não há estranhamento no fato de uma pessoa jantar sozinha. Os garçons me servem sem olhares estranhos e eu posso relaxar. Saboreio o vinho e adoro a massa que escolhi. Fecho a noite com a melhor sobremesa que já comi: profiteroles fartamente recheados e cobertos com chocolate. Alcanço a calçada com um suspiro e me pergunto em que condições eu voltarei na cidade. Depois dessa, posso voltar de lua-de-mel, com amigas ou sozinha. Vou aproveitar de qualquer jeito.

Cada passo é carregado de despedida. Mais do que meu destino turístico, Paris foi testemunha da minha história. Cúmplice das minhas decisões e amiga acolhedora nos momentos de dor. Vou sentir falta da sua companhia quando voltar para casa.

Chego ao hotel e meu amiguinho vem me receber. Finalmente podemos conversar. Descubro que seu nome é Alec e que trabalha lá há pouco mais de um ano. Nasceu e se criou em Paris e adora conhecer gente diferente, por isso é tão feliz naquela recepção. Ele me entrega orgulhoso uma caixa com um pedaço do bolo de amêndoas que comi na boulangerie no primeiro dia de viagem. Junto estava um bilhete de Tulio se despedindo e dizendo que espera que minha vida seja doce como aquele pequeno mimo. A esta altura, ele já está na Toscana com a sua família de cinema, comemorando o aniversário de sua avó. Lindo, até o fim.

Conto para Alec sobre o encontro e ele vibra com a história de eu ter passado a noite com ele. Ele já não é um estranho, é um precioso aliado, ajudou muito quando precisei. Lemos juntos o bilhete e não acreditamos na minha sorte. Despeço-me marcando futuros encontros lá mesmo ou no Brasil e vou para meu quarto.

A bateria do celular já descarregou e eu deixo para carregar depois. Não preciso de contato com ninguém nesse momento. 

O bolo está delicioso como na primeira vez. Saboreio cada pedaço lembrando do nosso piquenique. Ainda bem que tirei algumas fotos naquele gramado com Tulio. Caso contrário, seria difícil convencer minhas amigas de que aquilo havia acontecido.

Arrumo as minhas malas e toda a leveza e tranquilidade que me acompanharam à tarde, se vão: acabo de me lembrar que vou viajar de volta para o Brasil com Jhonny.

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