- Como assim? Jhonny, eu não estou entendendo mais nada. –
Continuo no mesmo lugar desde que cheguei no saguão. Meus pés estão presos ao
chão.
Ele se levanta e vem na minha direção, estende o braço para
me tocar.
- Peraí, vamos subir, eu te explico tudo.
Consigo me libertar e me esquivo da sua mão. Parece que há
dias não toma um banho, tem uma aparência cansada e suja, nem de longe se
parece aquele cara tão vaidoso que vivia comigo.
- Não, não vamos subir, vamos conversar aqui.
- Mas vamos conversar na frente dele?
- Ele não entende português, pode falar.
- Preciso de um banho. Acabei de chegar de viagem.
- De onde??! Me explica, peloamor, não estou entendendo nada.
Onde você estava?
- Na Suécia.
O nome desse país me socou no estômago. Senti-me num filme ou
num episódio de uma série de investigação, quando os personagens finalmente
alcançam a compreensão do mistério que nos assombrou durante todo programa. A
viagem de ida. O grupo de suecos ao lado. A sueca que se dispôs a mostrar no
mapa onde ficaríamos em Paris. A sueca que riu das piadas em inglês que ele
contou. A sueca loira e peituda que roubou meu namorado. Não. Meu ex-namorado
que se deixou roubar pela sueca loira e peituda.
- Você fugiu para a Suécia com aquela loira?! Você me deixou
aqui sozinha por causa de uma mulher que você conheceu no avião?!
- Cice, eu não fugi! Que jeito de falar... – De repente,
aquela discussão parecia tão ridícula. Argumentar com ele parecia tão ridículo.
Querer salvar aquela relação já não fazia o menor sentido.
-Você saiu do hotel, dizendo que ia voltar para o Brasil
porque não dava mais para ficar comigo e foi para a Suécia escondido. Isso para
mim é fugir.
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