segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Alice na Paris das cinco noites - Parte 27



- Como assim? Jhonny, eu não estou entendendo mais nada. – Continuo no mesmo lugar desde que cheguei no saguão. Meus pés estão presos ao chão.

Ele se levanta e vem na minha direção, estende o braço para me tocar.

- Peraí, vamos subir, eu te explico tudo.

Consigo me libertar e me esquivo da sua mão. Parece que há dias não toma um banho, tem uma aparência cansada e suja, nem de longe se parece aquele cara tão vaidoso que vivia comigo.

- Não, não vamos subir, vamos conversar aqui.

- Mas vamos conversar na frente dele?

- Ele não entende português, pode falar.

- Preciso de um banho. Acabei de chegar de viagem.

- De onde??! Me explica, peloamor, não estou entendendo nada. Onde você estava?

- Na Suécia.

O nome desse país me socou no estômago. Senti-me num filme ou num episódio de uma série de investigação, quando os personagens finalmente alcançam a compreensão do mistério que nos assombrou durante todo programa. A viagem de ida. O grupo de suecos ao lado. A sueca que se dispôs a mostrar no mapa onde ficaríamos em Paris. A sueca que riu das piadas em inglês que ele contou. A sueca loira e peituda que roubou meu namorado. Não. Meu ex-namorado que se deixou roubar pela sueca loira e peituda.

- Você fugiu para a Suécia com aquela loira?! Você me deixou aqui sozinha por causa de uma mulher que você conheceu no avião?!

- Cice, eu não fugi! Que jeito de falar... – De repente, aquela discussão parecia tão ridícula. Argumentar com ele parecia tão ridículo. Querer salvar aquela relação já não fazia o menor sentido.

-Você saiu do hotel, dizendo que ia voltar para o Brasil porque não dava mais para ficar comigo e foi para a Suécia escondido. Isso para mim é fugir.

- Foi uma besteira, foi a maior besteira da minha vida. Eu não pensei direito, a gente andava brigando muito... Eu me deixei levar. Mas eu voltei... esse tempo só serviu para me mostrar o quanto eu te amo. Senti tanto a sua falta... me perdoa.

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