Pela primeira vez, desde que cheguei, eu acordo me sentindo
bem. Passei por muita coisa, tive tempo de pensar muito e acho que já encontrei
algumas respostas. Além disso tudo, eu tenho um encontro hoje à noite, com
Tulio, o italiano gato. Tenho mesmo? Acho que sim.
É melhor levantar. A patrulha da cidade nem me ameaça hoje,
vou aproveitar cada minuto nessa cidade maravilhosa. E vou arranjar outro lugar
para tomar meu café da manhã.
O recepcionista da manhã faz questão de me dar o recado do
meu cúmplice: Tulio passou à noite, pegou a mensagem e confirmou que está tudo
combinado. Agradeço a ele e ao meu novo amigo. Bom contar com o interesse dele
nesse encontro. Não posso deixar de me perguntar se ele juntou certo todos os
pontos: Jhonny pega as malas dele e vai embora no dia do check in, enquanto eu
passo aquele mesmo dia e os dois seguintes passando de cara inchada pela
recepção.
De novo, eu fiz as pazes com o frio. Ele agora me desperta,
aguça meus sentidos. Procuro o café que descobri ontem e me permito um pain au chocolat logo de manhã.
Aproveito a proximidade do meu hotel com o maior símbolo dessa cidade e decido
fazer uma caminhada tranquila até a Tour
Eiffel. Passo por ruazinhas lindas e não deixo de me perguntar como seria
morar por ali. Tenho tempo, paro para ver algumas lojinhas, brinco com
cachorros que passeiam, estou em paz.
Ela está cada vez mais perto. Eu consigo ver aqui e acolá,
entre os pequenos prédios, a estrutura metálica se revelando. Não achei que ia
me sentir assim, mas meu coração está batendo forte.
Chego ao início do gramado e contemplo sua grandiosidade. Eu
imaginava que ela era grande, mas é muito maior. Ela domina a paisagem,
hipnotiza a visão e chama toda a minha atenção. Vou me encaminhando para os pés
da enorme estrutura e nem acredito que cheguei aqui.
Tento tirar uma foto minha com aquela beleza, mas uma
americana logo se oferece para me ajudar e tira a minha primeira foto distante,
com toda a paisagem, como deve ser. Agradeço e fico alguns minutos admirando o
registro. Parece um quadro, uma montagem qualquer; sou e a Torre Eiffel, em
Paris. E é real.
Procuro as informações e descubro que a maior fila é para os
elevadores, mas que há a opção de ir de escadas. Nem penso duas vezes: é outra
história para contar.
Depois de subir o equivalente a quinze andares e depois de
uns cinco minutos recuperando o fôlego e ajustando o ritmo cardíaco, eu
consegui olhar em volta e me maravilhei. Nesta área, a cidade só tem
construções baixas e é possível, mesmo deste primeiro patamar, enxergar bem
longe. E é lindo. A cidade vista daqui de cima é um primor, uma maquete de
bonecas onde o construtor se preocupou com cada detalhe: frisos, entalhes,
telhados e sacadas rebuscados.
Sinto minha boca abrir-se em um sorriso. Rio para mim mesma,
maravilhada. Percorro toda a sacada em passos bem lentos e vou reparando em
cada pedaço da paisagem. Paro na face em frente ao Sena e mais uma vez viajo na
História secular da cidade, no quanto ela já presenciou. É muito mágico.
Não consigo deixar de me identificar. Passei por muita coisa,
permiti me adaptar e assim como a Torre eu posso ser bem maior e surpreender.
Esses últimos dias me provaram isso e me tornaram maior. Muito maior.
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