Ficamos abraçadinhos um pouco e depois nos olhamos envergonhados.
Dois tímidos, meu Deus, ainda bem que tínhamos conseguido chegar até ali.
Era estranho, muito estranho estar naquela situação com outra
pessoa. Lucas era ótimo, fez tudo certo até então, mas a boca era diferente, o
toque era diferente, era tudo muito diferente. Mais de uma vez, me peguei
olhando para os lados no clube, como se Jhonny pudesse chegar a qualquer
momento e me flagrar. Como se eu estivesse fazendo algo errado. Nessas horas,
procurava mais um gole de vinho. Se eu não conseguia colocar minha cabeça no
lugar, preferia perde-la e aproveitar minha noite.
Mas Lucas não parecia muito ligado em estender a noite, não.
Ficamos juntos como um casal de namorados. Como eu e Jhonny faríamos se
tivéssemos chegado até ali. Isso só contribuía para minha sensação de
inadequação. Lucas não parecia um caso
de uma noite que queria aproveitar. Ele se comportava como um namorado reserva
que veio ocupar o lugar daquele que sumiu. Mas eu mal o conhecia. Rápido, outro
gole de vinho, por favor.
As meninas nos esqueceram completamente. Estavam
empolgadíssimas com os amigos franceses e os amigos franceses empolgadíssimos
com os decotes delas, coisa que não se via muito por aqui.
Dançamos, rimos, conversamos, namoramos. E a madrugada chegou
e o namorado francês de Luisa tinha que trabalhar em poucas horas, resolvemos
ir embora.
Como já era muito tarde, decidimos não nos separar e assim
foram todos ao meu hotel me acompanhar. Tinha sido uma noite, no mínimo...
inesperada. Repeti para mim mesma o tempo todo que aquilo estava acontecendo.
Que eu havia me divertido. Que eu estive acompanhada e que eu gostei. Gostei?
Gostei, gostei, mesmo.
Chegamos na porta do hotel e as meninas vieram me dar um boa
noite apressado. Pareciam duas adolescentes com quinze anos, diante dos seus
namoradinhos. Chegou a vez de Lucas. Beijos, abraços, cheiros no pescoço e...
tchau.
- Aproveite o restinho da sua viagem, espero que você curta
bastante.
Unhum
- Foi muito bom te conhecer, adorei a noite. – beijo – tchau.
Eu não consegui emitir um único som. Fiquei na calçada, vendo
o grupo se afastar e alguns deles esticar o braço e acenar para mim. Entrei
para a recepção aquecida do hotel e fui para o meu quarto de cabeça baixa.
Envergonhada, como se o recepcionista pudesse ler meus pensamentos.
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