segunda-feira, 29 de abril de 2013

Felicidade


Somos uma raça fadada à eterna insatisfação. Não a raça humana. A raça humana, habitante dos grandes centros urbanos, no século 21. É o que eu acho.

Sempre falta alguma coisa. O apartamento podia ser num andar mais alto. O carro podia ter uma mala maior. As férias podiam ser num país mais distante. O marido podia surpreender mais. A amiga podia ser menos invejosa. A vizinhança podia ser mais verde. As ruas podiam ser mais calmas etc etc

Eu, como qualquer um aí fora, também tenho minhas frustrações. Queria morar num lugar mais assim e mais assado. Queria ter mais verde na minha janela, de preferência uma casa. Queria ver as árvores da janela do meu escritório. Queria silêncio na minha rua. Ah! Mas eu queria estar perto de tudo também, lógico. E o mais importante: queria isso tudo com o salário que eu ganho atualmente. Easy. 

Mas o fato é que eu estava sempre no aguardo desse momento: quando eu conquistaria essa casa. Ó o perigo.

Assistindo a um programa da TV a cabo há algumas semanas atrás, eu ouvi uma frase que eu até já ouvi antes, com outras palavras, mas que dessa vez bateu mais fundo: "A felicidade é uma escolha. Se você escolhe ser feliz com o que tem, nada vai te derrubar." Ui.

Aí eu cheguei perto da minha janela e espiei. Dei uma boa espiada lá fora. Eu moro em uma das partes mais verdes do Recife. Da minha janela, eu vejo copa de árvores para todos os lados para onde eu olho. Realmente, elas não estão na altura da minha janela, isso porque eu moro no 12º andar, escolhido assim, para ficar longe do barulho da rua. É só fechar a janela que eu estou em outro mundo. Ainda assim, estou perto de tudo, em uma das avenidas mais importantes da cidade.

Fala sério. Sem mais para o momento, Excelência.

Um comentário:

  1. Lembrei do livro que estou lendo...

    “Acho que em determinado período eu poderia ter obtido qualquer coisa que quisesse, dentro de limites, mas aquilo era a única coisa que eu já quisera ardentemente. Meu Deus! E isso me ensinou que a gente não pode ter nada, não pode ter nada mesmo. Por que o desejo simplesmente te engana. É como um raio de sol que pula para lá e para cá dentro de um quarto. Quando pára e doura algum objeto sem importância, pobres tolos que somos, tentamos pegá-lo; mas quando conseguimos, o raio muda para outra coisa, e você fica com a parte sem valor, pois o brilho que lhe fez querê-la foi embora.”

    (F. Scott Fitzgerald / Os Belos e Malditos, pág. 307)

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