quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Alice na Paris das cinco noites - Parte 21



Despeço-me do meu amigo recepcionista que sorri e gesticula, às costas de Tulio, dizendo que vai ser maravilhoso. Tadinho! Ele torce mesmo por mim. Sinto o peso da responsabilidade de ter que voltar com uma história para contar no seu próximo turno. Pode deixar, amiguinho, não vou te decepcionar.

Nos cumprimentamos e não há insegurança ou vergonha, como aconteceu com Lucas. Tulio sabe o que está fazendo e eu não tenho mais nada a perder. Tomei dois pés na bunda em Paris, em uma semana, sou uma guerreira. Juntos, somos uma dupla vencedora.

Ele é muito gentil, me pergunta como foi meu dia e ouve com atenção meu deslumbramento com a Torre Eiffel. Eu vou falando e seguindo seus passos, sem fazer a menor questão de saber para onde estamos indo.

Ele lembra disso e me interrompe para me explicar: quer me levar para um piquenique noturno. Sim, claro que topo, com certeza.

- Aprendi muito desde que cheguei, mas ainda tenho muito caminho a percorrer. Por isso, vou te levar para conhecer o melhor pão da cidade que, infelizmente, ainda não é o meu.
- Ele me conta sobre a competição que confere esse título e como gera um frenesi nos padeiros, todos os anos. - Essa nunca ganhou o título o que, para mim, a torna ainda mais especial, porque ela ainda não foi descoberta. É minha melhor baguette, ainda que não seja a do resto do país.

Penso no nosso encontro e em tudo que vivi até aqui. E daí que esse encontro pode parecer bobagem para qualquer outra pessoa que seja descolada e aventureira. Essa é a minha baguette d’or porque a minha trajetória é muito especial por um motivo muito simples: é minha. Por isso, entrei na chuva para me molhar, vou curtir esse momento, porque, como já aprendi a duras penas, ele pode não se repetir amanhã.

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