segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Alice na Paris das cinco noites - Parte 19



Depois de me despedir da Torre, desço toda a escadaria e procuro um lugar para almoçar. Seguindo o curso do rio, encontro a Rue Saint Dominique, movimentada e cheia de opções. De lavanderias à creperias, acho que é possível encontrar todo tipo de estabelecimento comercial por aqui. Tem um vai-e-vem frenético pelas calçadas estreitas e eu logo decido por um restaurante de esquina com paredes de vidro para apreciar a rua. 

Não como com tanta calma, hoje eu tenho mais energia e quero aproveitar mais o dia, quero fazer muitas coisas, aproveito e evito pensar no encontro de hoje à noite, não quero criar expectativas. Projeto Maturidade em Paris, em andamento. Mas me permito provar o mousse de chocolate da casa. Afinal, estou na terra mágica onde qualquer coisa feita para comer é simplesmente uma delícia. Se eu não andasse tanto durante o dia, certamente já estaria obesa.

Com essa preocupação, me permito andar sem destino certo. Afinal, parece que qualquer caminho nessa cidade conduz a três opções: A) uma paisagem linda do Sena, com pontes ou margens de cinema; B) um prédio histórico com 600 anos de idade e carinha de 20, (comparados aos nossos casarões históricos de 200 anos, no Brasil, entregues à própria sorte); C) um restaurante maravilhoso, com comidas de sonhos e vinhos bons e baratos. Paris é realmente uma cidade para ser feliz. Apesar de tudo.

Passo pelo lindo prédio dos Inválidos. Aprecio os prédios pelo caminho. Vou até a ponte Alexandre III e me perco na sua opulência. Lembro-me do clipe da Adele. Ela, ao menos, tem talento para virar ganhadora do Emmy depois de um pé na bunda. O fora mais rentável da História. Eu, até agora, estou guardando lembranças. Lembranças da maior loucura que eu já fiz na minha vida: ficar sozinha em outro país e me permitir me envolver com completos estranhos. Ou seja: o que algumas pessoas fazem corriqueiramente é o momento alto da minha existência. Está mesmo na hora de mudar. Quem sabe isso não rende um livro? Seria bom.

Consigo por alguns momentos pensar na vida no Brasil e me pergunto como será o encontro de meu pai, ou de outra pessoa da família, com Jhonny. Essas coisas sempre acontecem quando não deviam. Eu tenho evitado pensar nisso, mas a verdade é que nesse exato momento, meu pai e Jhonny podem estar no mesmo estacionamento de um shopping ou no mesmo restaurante. A certeza de que isso não aconteceu é que meu celular continua mudo. Na hora em que esse encontro se der, meu pai vai esbravejar sobre o Atlântico.

Essa viagem não dura muito. Não tenho nenhuma dificuldade em me situar de novo nessa cidade linda. Respiro fundo o ar frio e coloco as mãos no bolso. Acho que vou começar a temporada de compras em Paris. Apesar de já estar perto da Champs Elysée, meu destino é outro. Lembro de um dos muitos posts sobre a cidade que li, antes de embarcar e me dirijo à primeira estação de metrô que encontro. Vou procurar algo especial para o encontro de hoje à noite. Eu mereço.

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